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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ainda o aniversário da Queda do Muro

NO MESMO SACO!

Reflectindo, ainda, a propósito da Queda do Muro de há vinte anos, recuei aos últimos meses de 1974, ou início de 1975.
Numa vila beirã, a exemplo do que se ia passando por todo o país, realizava-se mais uma "sessão de esclarecimento".
Na sala do teatro local, apinhada de gente, um grupo apresentado como de "intelectuais de esquerda", se me não falha a memória, do "Conselho para a Paz e Cooperação", debitava impropérios contra o fascismo e dissertava a propósito dos seus horrores no Mundo, enquanto tecia loas ao "Sol da Terra", aquele paraíso terrestre da União Soviética e seus satélites de Leste.
A meu lado, sentava-se um conhecido comunista local (no pleno direito de o ser).
Depois de muita doutrina e retórica, ao longo de mais de duas horas, seguiram-se as interpelações à Mesa de tão insignes figuras, vindas do estrelato pensador da capital.
E não me contive. Levantei-me e indaguei dos "palradores" da natureza e justificação para a brutalidade, nos anos cinquenta, dos tanques na Hungria e em Praga.
Do que me fui lembrar! Aqui D. Stalin!... Os homens da "paz e cooperação" abanaram-se no pedestal da oratória; o camarada que se sentava a meu lado, levantou-se da cadeira, gesticulando, e soltou-se, num ou noutro sector da assistência, um clamor de desaprovação!...
Mantive-me de pé, aguardando a resposta, que veio em tropel: que eram invenções fascistas; que era a propaganda capitalista; que era o obscurantismo; que na Hungria e na Checoslováquia se vivia no melhor dos mundos, que o povo era feliz....
E a "fecunda" resposta acabou num convite interessante. A Mesa proporcionava-me, gratuitamente, uma visita à Hungria, para verificar in loco das condições exemplares em que os magiares viviam.
Não fui. Nem precisava. Acabava de perceber que, derrubado o "fascismo" em Portugal, era o "comunismo" que se pretendia impor. De ditadura para ditadura. Para que lhe não perdêssemos o hábito.
Quando me levantei, para abandonar o salão, o meu vizinho de cadeira, continuava de pé, cirandando de um lado para o outro, visivelmente incomodado por se ter sentado ao lado do que, por força da moda do PREC, seria, no mínimo, um perigoso reaccionário!
A História pode ser narrada de muitas formas. Mas os acontecimentos que a enformam, dificilmente se apagam. E os actos de totalitarismos dos dois extremos não nos deixam dúvidas.
Ambos cabem no mesmo saco. E usam as mesmas miseráveis armas!
Já o teria entendido, tantos anos depois, o meu casual vizinho de cadeira?



Comunismo 1