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domingo, 30 de junho de 2013

O MEU BARBEIRO "COMUNISTA"


  Naquela época, a aldeia beirã onde nasci e onde, aos 13 anos, passava as férias escolares, em casa dos meus avós paternos, era um amontoado de casas de granito, envelhecidas e humildes, onde pontuavam três ou quatro solares e outras tantas casas de quinta, tudo rodeado de campos verdes, bem tratados e produtivos, onde a maioria dos habitantes mourejavam de sol a sol, para colherem da terra os frutos que eram o único sustento de pão e vestimenta de famílias, quase sempre, numerosas. Terminada que fora a época áurea do estanho e do volfrâmio, inexistentes que eram outras indústrias, que não fosse a padaria da terra, onde muitos compravam pão, em troca de farinha do seu suor, que as moedas escasseavam, era a terra e algum gado que nela apascentavam, os escassos meios de sobrevivência.
 O destino de muitos jovens e menos jovens, sentindo que a agricultura já lhes não garantia futuro, foram tentando e abrindo horizontes que, para os mais afoitos, se desenhavam para lá das fronteiras e para os outros, a venda dos braços aos campos da orla do Tejo.
  A Igreja, e a sua Cripta com televisão, a Estação dos Vouguinhas, a loja "vende-tudo", que era, também, a dos Correios, para lá do velho edifício, onde os legionários se exercitavam aos Domingos, eram os pólos de  convívio, onde se discutiam os títulos do "Primeiro de Janeiro", onde se falava do tempo, do preço da carne e do peixe, de mais um nascimento ou inesperada partida. E, onde, se selava o negócio duma junta de vacas lavradoras com um simples aperto de mão como sinal e a palavra de honra como adiantamento....
  Chegado de Lisboa, acabara de desembarcar do comboio-correio  um filho da terra a quem, pela capital, o fado aziago havia pregado uma cruel partida, ao decepar-lhe uma das pernas, ao nível do joelho. Homem de meia idade, já algo desenraizado da aldeia onde dera os primeiros passos, se era olhado por alguns com compaixão, outros encaravam-no com desconfiança, por lhe notarem um laconismo pouco habitual naquelas gentes com o coração junto à boca e palradores por natureza. Muitos diziam mesmo que o António falava pouco e, quando abria a boca, ninguém lhe entendia o que, em tom pejorativo, diziam ser "filosofia".
 Com alguns tostões que amealhara, alugou uma pequena e velha casa, para alojar a família que, entretanto, havia constituído e de cujo elenco fazia já parte um rapazinho de meses. E, para espanto de quem lhe nunca conhecera tal arte, começou a cortar barbas e cabelos, na dependência única da sua moradia.
 Foi, então, que os murmúrios que já perpassavam pelos ouvidos mais curiosos e metediços, formaram onda sonora e passaram a notícia adquirida: o António Barbeiro era comunista! Que ninguém o via na Igreja e que  as conversas que desenvolvia com os que lhe confiavam o desbaste dos cabelos, eram a de um perigoso comunista, que regressara à terra para espalhar essa peste ou, até, preparar algum atentado contra a Igreja ou contra o quartel da Legião.
 Por hábito, o meu corte de cabelo era feito na cidade onde, então, estudava e passava o tempo escolar. Mas estava de férias e os cabelos demasiado compridos, não eram bem aceites na comunidade, nem bem vistos pelos meus saudosos avós. E fui à casa do Senhor António. Educado, arrastando a muleta pelo chão de madeira, por baixo do qual dormiam os galináceos, que ele dizia serem para a canjinha do pimpolho, chegou um tosco banquinho de madeira para junto da única janela, o único canto da casa que permitia alguma luz do dia. E, depois de meter mãos à obra, à minha jovem e forte grenha ruça, que já levara a minha avó a chamar-me de alemão - desconhecendo, até hoje, se ela, alguma vez vira algum -, com voz pausada, discorrendo ao agitar das tesousas, lá foi o homem, num misto de doloroso queixume e de relato de factos, asseverando-me que a vida das pessoas podia e devia ser outra, que havia tido alguma esperança na candidatura de Humberto Delgado, uns anos antes. Que, até, os meus pais poderiam ter evitado ir para África, se houvesse desenvolvimento, se o país se industrializasse e, já quase no final do trabalho, que lhe não era fácil pela deficiência física, incentivou-me a estudar. Tudo, pausadamente, sem mudanças de humor ou ameaças revolucionárias, muito menos, alusão a qualquer organização política.
 Tive, após sair da casa do António, a convicção de que, por detrás de toda aquela humildade e, há que reconhecê-lo, muita carência material, estava um homem cujo espírito as circunstâncias da vida haviam, de algum modo, cultivado e aberto horizontes de pensamento.
  Não poucas vezes, a partir daquele corte de cabelo, sempre que o António Barbeiro era invectivado e acusado de "comunista", por uns, ou "revolucionário" por outros, havendo mesmo quem entendesse que o homem devia ser banido da aldeia, quase chegava a vias de facto, com os seus mais mordazes delatores. E, não servia de grande coisa, o esforço que fazia ao tentar explicar que ele apenas dizia o que lhe ia na alma e achava por bem para si e para os demais e que não fazia parte de organização nenhuma. Que bem bastava o seu infortúnio, por ser deficiente.
   O meu afastamento, mais tarde, por longos espaços da aldeia, nem em vida ou depois de se finar, nunca me permitiu saber se o António Barbeiro tinha alguma filiação partidária, também nunca o questionei e só o evoquei como "motor de arranque" para a viagem, essa, sim, mais actual que ora vou empreender e que acabo de rodar no meu mural do Facebook.

  Nos tempos da "Outra Senhora", todo aquele que ousasse ter opinião isenta, pugnasse pela Verdade e criticasse algum aspecto da situação política então vivida, era, de imediato, apodado de um de dois cognomes: na boca dos "amigos" era um "revolucionário"; na boca dos "desconhecidos", não passava dum "perigoso comunista".
Mas, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Hoje, todo aquele que ousar, socorrer-se do seu Pensamento livre, procurando opinar com isenção, criticando situações criadas pela auto proclamada Esquerda, tem um de dois mimos garantidos: na boca de desconhecidos, é um "fascista"; na boca de "amigos", não passa dum "laranjinha"......
Sempre ouvi que os extremos se tocam. Como já diziam os cartazes que o Cherne Barroso e seus amigos colavam pelas paredes "nem fascismo, nem social-fascismo".Hoje, sou levado a crer, e a surpreender-me, de como tão iguais são, os, então, adoradores da "outra Senhora" e os apóstolos vermelhos da Esquerda saída da toca, e na Ribalta, graças ao 25 de Abril.
Por mim, como já cantou o António Gedeão, não gosto que me cortem a raiz do pensamento, me tentem modelar a opinião, ou que tentem impingir que só um sector ideológico é dono da Verdade e da Razão. Não gosto que me "controlem" e já estou velho de mais para ser doutrinado. Prefiro passar para o lado etéreo convencido de que me esforcei por ser, intelectualmente, justo, do que carregar na mente o estilete de vender a alma por um punhado de ideias feitas, mesmo que seja a moda do momento e recolha os aplausos pelo "politicamente correcto"!...
Mais, ainda: quem não gostar do estilo, do corte, dos fatos com que tento preencher a minha montra, que nem se dê ao trabalho de procurar o preço. Simplesmente, não compre. E, já agora, se vá embora sem partir a montra!
Descansa em Paz, amigo António!





sábado, 29 de junho de 2013

CAMISOLAS AMARELAS

A/O GOOGLE tem uma forma simpática e engraçada de celebrar alguns eventos e efemérides.
Hoje, em imagem dedicada ao Ciclismo, mais concretamente a Volta à França, surgem estes dois ciclistas bem destacados na cabeça do Pelotão.
  Sabendo da forma como ambos vêm treinando, de algum tempo a esta parte, em pistas separadas, não sendo o Andy Schleck ou o nosso compatriota Rui Costa, sou levado a imaginar que estamos perante um fulminante sprint entre François Hollande e Durão Barroso!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

S. PEDRO DO SUL EM FESTA!


De 26 a 7 de Julho, a cidade de São Pedro do Sul, abre as portas em festa! Com um bom cartaz, vale uma escapadela àquela terra de Lafões que tem o Vouga nas suas entranhas....



GREVE e TRABALHO...

...  são dois direitos consignados na Constituição Portuguesa.
Sem nos determos na justeza da última Greve Geral, nas razões que assistem para o descontentamento que grassa entre os trabalhadores, sobretudo os da Função Pública e nas Empresas do Estado, pela perda de alguns direitos e regalias, nem querendo opinar a propósito dos objectivos alcançados pelos grevistas ou dos prejuízos dela decorrentes, vou quedar-me pelos direitos à greve e ao trabalho.
 Não sejamos ingénuos, nem procuremos ignorar o óbvio: desde há muito, e pelas mais variadas formas, os designados piquetes de greve, não se limitam, em muitas situações, em tentarem demover, de forma serena e legalmente admissível, os que não pretendem faze-lo. Sabem, ademais, os menos distraídos, que esses piquetes não são, exclusivamente, compostos por trabalhadores das empresas em greve. Juntam-se-lhes activistas, partidarizados, que procuram conduzir o desenrolar da actuação destes piquetes.
  A sua acção, quer pela violência, quer por outras formas que impeçam quem, por convicção, por necessidade ou por motivos próprios, entenda não aderir à greve, não pode ser encarada como um direto. É, ao contrário, uma afronta grave a um outro direito: o direito ao trabalho!
 Já, por aqui, ou noutras plataformas, já lá vão alguns anos,  condenámos uma propalada ida de policiais a algumas sedes sindicais, na véspera de uma greve de professores, indagando de quantos seriam os profissionais a exercer esse direito. Veio,  de seguida, a desculpa de que, a entidade que ordenou essa diligência, o teria feito apenas como busca de informação para articular a segurança do evento. Ainda assim, considerei, e considero, que foi um acto gratuito e inadmissível, porquanto poderia ter sido entendido pelos trabalhadores da Educação como uma forma de pressão ou desmobilização, logo, uma ofensa ao direito à greve.
  É, agora, o momento de, numa visão justa e isenta, condenar a forma como, visionando este e outros vídeos, das movimentações à porta da Estação da CARRIS da Pontinha, mesmo que de autoria duma das partes envolvidas, da área sindical, o piquete procurou impedir a saída dos autocarros  coarctando, assim,  a alguns motoristas, o direito ao trabalho.
 A liberdade não pode ser instrumento de um só grupo. Em Democracia, a liberdade de fazer greve está no mesmo patamar da liberdade de trabalhar. São direitos que, precisamente, quem mais reclama nas ruas e protesta pela perda dos seus direitos, tem a obrigação acrescida de respeitar.
 Mas, isso, deve começar a aprender-se na Escola, na formação cívica, não nos catecismos dos partidos!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

TS na desobriga!


O TS (Teixeira dos Santos...nada de confusões), bem tentou, com uma postura séria e grave e, demasiado, cândida, que lhe fossem perdoados os pecados. Não me convenceu: foi um acto de contrição forjado, calculista e ao serviço de estratégia. Eles até serão todos iguais, não vendia, como já disse por aqui, a minha bicicleta a nenhum dos políticos das últimas décadas, que não sei qual, de entre tantos, seria honesto. Ainda assim, O TS, ao mesmo que defendia a continuidade da carga fiscal, considerava o anúncio de futuro alívio como medida eleitoralista. Só o inusitado e substancial aumento da Função Pública em 2009, o ano da segunda dose socrática, foi, na sua perspectiva, um erro de cálculo, de que se penitenciava. Não foi medida eleitoral, não senhores! Nem pensar!...
Tem paciência, caro TS, continuo, depois de te ouvir, a considerar-te um dos que, sob o comando arrogante do responsável-mor, me condenaram,  e à maioria dos portugueses, a este cadafalso....e nos deixaram nas mãos dos verdugos que nos estão a cortar a vida!


terça-feira, 25 de junho de 2013

FOTO DESLUMBRANTE...

....esta,  do Fernando Ferreira, na noite de Domingo, 23 de Junho.
Eis uma comunhão perfeita da Ponte sobre o Tejo,  o Rio,  a Torre de Belém e uma Lua bochechuda e sonhadora, que só se deixará ver assim, daqui a 18 anos,.
 Sendo leigo na arte fotográfica e mesmo inculto na poesia, esta imagem de rara beleza, inspirou-me esta dedicatória em quadra:

                                          
     

                             
                            A lua brilhando assim
                            Mais parece um diamante
                            Vou guardá-la para mim
                            Que ela foge num instante.

sábado, 22 de junho de 2013

A VELHA CABRA DE PARABÉNS!

  A Universidade de Coimbra é, a partir de hoje, Património Mundial da Humanidade.
  Galardão merecido, para a Universidade e para Coimbra, fonte de Cultura e de Saberes, ao longo dos séculos.
 A Velha Cabra, os coimbrões, os antigos e actuais estudantes, estão todos de parabéns e convidados a continuarem a fazer jus ao reconhecimento do valor arquitectónico, histórico e científico da Universidade mais antiga de Portugal e uma das mais antigas de toda a Europa.
Cumpre-se o Fado.......o de Coimbra!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

AINDA A GREVE DOS PROFESSORES...


... que, agora, continuando pelas Avaliações, tem o epicentro na seriedade. Que Mário Nogueira diz o Ministro não ter, sem que eu possa saber o que este do outro dirá.
Quanto ao tema, já tanto escrevi, tanta opinião expressei, que, numa súmula, mantenho a ideia essencial que tenho de todo o desenrolar desta novela: compreendendo as razões que asssistem aos professores em fazerem greves, não concordo, e condeno,a escolha da data da greve a coincidir com os exames nacionais. Sei que foi um braço de ferro entre o Ministro e os dirigentes sindicais, mas não entendo que haja que ser o Ministro a claudicar e não os dirigentes sindicais e seus interesses político-partidários.
Quanto à propalada coragem do Mário Nogueira, ao desafiar Crato a divulgar as gravações das reuniões, entendo-a como sede de espectáculo, sabedor que é do gosto duma larga franja de portugueses pelos "Big Brother".
No que concerne à seriedade dos políticos, dirigentes sindicais incluídos, enquanto braços partidários, a percepção que tenho, destes últimos 40 anos, é que nenhum deles me mereceu total confiança. A única dúvida que persiste na minha memória diz respeito a Sá Carneiro, que, lamentavelmente, não teve tempo de mo comprovar. Porque, conhecendo-lhe as suas intervenções no tempo da "outra senhora", que devorava avidamente na Revista Tempo, em Moçambique e comparando com as que foi proferindo após a revolução, me deu sinais de coerência e de genuína preocupação com a coisa pública deste País. Demonstrou, ainda, que não fazia promoção mediática da sua imagem e era transparente, quando assumiu publicamente o seu relacionamento com a Snu Abecassis, ao invés de manter a fachada dum casamento falhado e visitar as concubinas pela calada da noite nos Hotéis de luxo, como outros políticos poderão fazer.
Mas, este desvio, serviu tão só para reafirmar que não confio nestes políticos que, de há décadas, vão desfilando no palanque do poder, ou nos que se vão desunhando na oposição, à espreita da hora do "banquete".
Não venho advogar a inocência do Ministério, mas, não tenho, como gosto, informações concretas e de fontes independentes, da vigilância de exames por parte de serviçais. Ouvi o Mário Nogueira afirmá-lo, se me lembro, vagamente, sem esclarecer o "onde, o quando e o como". Se foi um caso isolado ou prática generalizada. Enquanto o não souber, encaro essa situação marginal, como um recurso à táctica da máxima de que "a melhor defesa é o ataque" ou, numa visão mais terrena aquele conselho da mãe para a filha, quando esta travava com outra uma discussão: "Chama-lhe.f....., filha, antes que elea te chame a ti"...
Acreditai que gostarei de saber onde e como isso aconteceu para poder fazer um juizo mais esclarecido (todos nós temos um pouco de juízes no ADN, eheheheh).
Admirei sempre a profissão dos professores, verberei sempre a desvalorização do seu nobre estatuto na Sociedade, a perda da dignidade da sua função, para o que, também contribuíu a inabilidade dos sucessivos governos, mas nenhum argumento me demoverá da ideia de que esta "jogada" de marcar a greve para o dia dos exames nacionais, mais taticismo político partidário, inserido na luta contra o Governo, que genuina defesa dos seus direitos, não contribui em nada para o acordar da Minerva que está moribunda no cemitério em que se está a tornar este País.
Queria ter sido sintético, mas estou pior que o S. Pedro e a sua incontinência,  começo a verter ideias e perco os travões.
Mas....procurei ser sério!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

TESTAMENTO DE SEM ABRIGO







 Emociona. Mesmo espíritos mais calejados e olhares experimentados em situações decorrentes das agruras da vida.
Um poema dedicado a um sem abrigo(Vladimir) que se desabrigou do de Cá para o de Além....




In "Sem Abrigo, uma questão social":
O TESTAMEN
TO DO MENDIGO (Sem Abrigo)

Agora, no fim da vida
Como Sem Abrigo que sou,
Me sinto preocupado,
Intrigado e num momento
Me pergunto, embaraçado,
Se faço ou não testamento.

Não tendo, como não tenho
E nunca tive ninguém,

Para quem é que eu vou deixar
Tudo o que eu tenho: os meus bens?

Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Minhas calças remendadas,
O meu céu, minhas estrelas,
Que não me canso de vê-las
Quando ao relento deitado
Deixo o olhar perdido,
Distante, no firmamento?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Minha camisa rasgada,
As águas dos rios, dos lagos,
Águas correntes, paradas,
Onde às vezes tomo banho?

Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Vaga-lumes que em rebanhos
Cercam meu corpo de noite,
Quando o verão é chegado?

Se eu fizer um testamento
Pra quem vou deixar,
Mendigo assim como sou,
Todo o ouro que me dá
O sol que vejo nascer
Quando acordo na alvorada?
O sol que seca meu corpo
Que o orvalho da madrugada
Com sua carícia molhou?

Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Os meus bandos de pardais,
Que ao entardecer, nas árvores,
Brincando de esconde-esconde,
Procuram se divertir?
Pra quem é que eu vou deixar
Estas folhas de jornais
Que uso para me cobrir?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que eu vou deixar
Meu chapéu todo amassado
Onde escuto o tilintar
Das moedas que me dão,
Os que têm a alma boa,
Os que têm bom coração?

E antes que a vida me largue,
Pra quem é que eu vou deixar
O grande estoque que tenho
Das palavras "Deus lhe pague"?

Pra quem é que eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Todas as folhas de Outono
Que trazidas pelo vento
Vêm meus pés atapetar?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Minhas sandálias furadas,
Que pisaram mil caminhos,
Cheias dos pós das estradas,
Estradas por onde andei
Em andanças vagabundas?
Pra quem é que eu vou deixar
Minhas saudades profundas
Dos sonhos que não sonhei?

Pra quem eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Os bancos dos meus jardins,
Onde durmo e onde acordo
Entre rosas e jasmins?
Pra quem é que vou deixar,
Todos os raios de luar
Que beijam minhas mãos
Quando num canto de rua
Eu as ergo em oração?

Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Meu cajado, meu farnel,
e a marca deste beijo
Que uma criança deixou
Em meu rosto perguntando
se eu era Papai Noel?

Pra quem é que eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Este pedaço de trapo
Que no lixo eu encontrei
E que transformei em lenço
Para enxugar minhas lágrimas
quando fingi que chorei?

Se eu fizer um testamento...
Testamento não farei!
Sem nenhum papel passado,
Que papéis eu não ligo,
Agora estou resolvido:
O que tenho deixarei,
Na situação em que estou,
Pra qualquer outro mendigo,
Rogando a Deus que o faça,
Depois que eu tiver morrido,
Ser tão feliz quanto eu sou.

sábado, 15 de junho de 2013

A FISGA DO TÓINO....

o grande educador das massas......falidas e, ainda, a Greve dos Professores. AQUI

 À prióri,as decisões dos Sindicatos devem expressar a vontade dos membros neles filiados, mas sabemos que isso é uma treta....do tipo daquelas decisões ou eleições de braço no ar. O Prof. Nogueira, que, imagino, há décadas não dá uma aula - a não ser a da sua ideologia partidária -, e o outro, provavelmente, a reboque, entenderam que era esta a melhor forma de confrontar o Governo, sem levar em consideração o interesse dos alunos e pais, sabendo nós que o resultado desta luta, teria os mesmos resultados se a Greve fosse depois dos exames. Os professores têm, desde há muito, como a maioria dos portugueses, sobretudo funcionários do Estado, razões para o descontentamento, mas já ouvi de viva voz, de alguns, a discordância quanto às datas escolhidas para o protesto.
Mas, o que, neste post, mais realço é o descaramento do "Tóino" do PS. Andou todos estes anos com a fisga no bolso, quando uns pardais esvoaçavam no quintal. Agora, que os pardais são outros, já nem pedras tem para tanta fisgada.......


Fisgas hipócritas! A deste e a de tantos políticos profissionais que nunca fizeram mais nada na vida que não fosse mentirem, pavonearem-se e gozarem à conta de quem os vai elegendo!
Por onde andava este "marmanjo", ou de que mal sofreria a sua garganta, quando o seu partido era governo e os professores andavam em "guerra" com os Ministros da Educação, em greves e em manifestações, uma das quais, a de 2008, ficou como marco da maior Manifestação empreendida desde sempre por aqueles profissionais?
Se não lhes faltam motivos de descontentamento agora, não lhes faltariam menos no consulado socrático, o "Tóino" estava lá, no Partido e na Assembleia....só que tinha perdido o pio que agora recuperou, passando a ave canora de eleição!


quarta-feira, 12 de junho de 2013

MEDÍOCRE MENOS!


  Sem me alongar muito: concordo que os professores se sintam revoltados (não o devem estar mais que a maioria dos portugueses), mas condeno o recurso à greve em dias de avaliações e exames.
   Estas opções de luta, não são créditos para que a figura de Professor volte a merecer o respeito e dignidade que nunca lhes deviam ter sido retirados!
 Nota "0" para a escolha das datas de luta!
   Nem os professores mereciam, muito menos os alunos!

   Mereciam, isso, sim,  um "MAU", mas atendendo a que, mais do que a vontade de todos os professores,  prevaleceu a decisão de quem mexe os cordelinhos sindicais, fico-me por um "Medíocre -"!...
  Venha a menina de cinco olhos, que o "Setor" Nogueira e seus mentores,  merecem dez palmatoadas, pela escolha (má) das datas!

terça-feira, 11 de junho de 2013

TERMAS...

... de S.Pedro do Sul. Numa das margens do Vouga, um  recanto de beleza natural, numa feliz "batida" fotográfica.....


domingo, 9 de junho de 2013

O MEU 10 DE JUNHO.....

.... continua a ser celebrado da forma habitual.
Será assim, enquanto tiver vida....e memória!



AI, MINGA, MINGA!



 Chuva madrasta, a do nosso contabilista-mor!
Que nos faz encolher a fazenda...... e humedecer os olhos...


 Há mais de meio século, numa pequena aldeia, não a perdida nas Beiras, mas uma que, facilmente,  se encontra por ali, entre os pinhais de Lafões, também ouvi a um dos agricultores da terra, lamentar-se dos efeitos nefastos do "desbexigar" do incontinente S. Pedro!
 Vendido o vitelo por boa maquia, o Senhor Alfredo das Eiras, caseiro de terras boas, entendeu mandar fazer fato no alfaiate da terra. O tecido já o comprara a um cigano itinerante, que lhe vendera do bom, do melhor terylene francês, como o nosso agricultor fazia questão de anunciar, já de fato vestido, no adro da Igreja, antes das santas missas dominicais e durante todos aqueles dias de descanso do Verão quente.
 Chegado o Inverno, o pior aconteceu, quando naquela manhã enevoada, decidiu calcorrear os dez quilómetros de mau caminho que o separavam da Vila, onde iria pagar a décima.
 Surpreendido por forte chuvada, já no regresso, quando chegou à aldeia, e já num grupo de amigos, alguém lhe fez reparo de que o fato, o tal do último grito do terylene francês, havia minguado.
 Perante o reparo e confundindo a fazenda, o Alfredo das Eiras, 
sem se incomodar com o fato encharcado, batendo com as mãos num dos  bolsos traseiros das calças, , reclama em voz sonora: - AI MINGA, MINGA!....

sábado, 8 de junho de 2013

MEIO SÉCULO DEPOIS...

...é bom recordar companheiros do extinto Colégio de S. Frei Gil, que foi uma das luzes do Saber na Região de Lafões.
Que praticavam Desporto, numa ocupação saudável dos tempos livres e de sã convivência.
Saúde aos que que ainda andam por cá, que repousem em Paz os que partiram.... Um abraço, a uns e outros!....




quinta-feira, 6 de junho de 2013

DEMOCRACIA versus CONSPIRAÇÃO RANÇOSA


 Hoje, no "Notícias de Vouzela", um semanário de Lafões, a que tenho por hábito fazer alusão por aqui como sendo o "arauto de Lafões", tive especial prazer na leitura do editorial, o artigo de fundo, do seu Director-Adjunto Carlos Rodrigues. Num texto de escrita alegre e com um transparente cunho intimista, sob o título "Mais um orçamento, mais uma dor de cabeça", aborda com a habitual abalizada visão o cadente tema dos "Orçamentos".  Mas é ao epílogo da sua narrativa crítica que, sem lhe pedir licença, pois sei não precisar,  vou lançar âncora, começando por a transcrever:

"...... Em democracia, viver assim é sinal de que o direito à indignação está de pé. E o País de rastos, mas não é com promessas e juras de amores platónicos que se vai a algum lado.
Se não gostamos destes Orçamentos, isso é uma verdade. Mas somos de opinião que as respostas têm de vir mesmo da Assembleia da República e não da Aula Magna de Lisboa"



Acrescento eu, com menos pruridos: Portugal não vai a lado nenhum com gente que passou a vida a conspirar e a tentar chegar mais acima rasteirando tudo que se lhe depare pela frente. Se optámos pela via democrática de viver em Sociedade, há que lhe respeitar as regras. E, se é saudável que a sociedade civil discuta e reflicta livremente a propósito da causa pública, naquela não cabem conjuras macónicas ou carbonárias para derrubar governos como se derrubaram Monarquias. Essas práticas, já deviam estar relegadas para as catacumbas da História, que não é nada recomendável insistirmos nos erros do Passado, quando todos sabemos os perniciosos resultados que deles advieram. O País não pode estar dependente de figuras rançosas, sobretudo, quando sobre elas recai a maior parte das culpas de toda esta contaminação pelo vírus da bandalheira!....

A EMENDA E O CIANETO

Palavras, para quê?

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O TUFÃO MUSICAL DOS ANOS SESSENTA...

.... não se quedou por terras atlânticas. Neste recanto, deixaram marcas Conjuntos como "Os Tubarões", em que se integravam jovens músicos de Lafões, os Ecos, os Sheiks e muitos outros grupos do Rock e do Yé-Yé,
 Tal como em Portugal, a tendência musical que varreu toda a Europa nos anos sessenta, como uma onda gigante, também banhou Moçambique. Para lá de muitos outros, sediados na então lourenço Marques, Nampula e outras cidades, na Beira destacaram-se 2 conjuntos: "Os Rebeldes" e "Os Apaches", a coqueluche  de gente jovem e menos jovem. Era a "beatlomania" que ia fazendo eco em festivais de Rock, em festividades e em salões de baile. Muitos dos jovens elementos que integravam estes grupos, tantas décadas depois,  continuam a dedilhar as cordas das suas guitarras e a fazerem o que sempre fizeram, com mestria: a música! Longa vida, para eles!

terça-feira, 4 de junho de 2013

UMA MANIF, JÁ!

Hoje, convoco eu! Uma manifestação, com bandeirinhas, megafones e tudo o que faça barulho, em apoio aos pobres gestores DESTAS  "swaps", que o Governo quer demitir, mas que se recusam, invocando a Lei, a sair!
 Sejamos solidários para com os homens que zelarem pelos proventos de algumas empresas públicas e a quem , ao invés de serem galardoados no próximo dia 10 de Junho, Passos Coelho quer tirar o pão que tanto lhes tem custado a ganhar!
Porca miséria! Neste País em que todos mandam e não manda ninguém, porque a Lei, parece, só protege esta classe de gente!...

Apetece chorar, mas cantemos......


UNIVERSAL...

... é o humor, de que bem precisamos, em especial, quando a Crise atormenta a nossa peculiar boa disposição.
Humor precisa-se, mesmo que venha de longe, de terras longínquas e amigas!

OS LOENDROS DE CAMBARINHO, VOUZELA

A Natureza Viva  por Lafões....

ANCUABE

Lá longe.....e sempre tão perto!