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domingo, 15 de dezembro de 2013

CARTA À DEUSA ATENA



Hoje, é Domingo. Mas não venho aqui cumprir e rezar nenhum acto de contricção! Tenho alguns pecados, mas não neste tema. É uma resposta à  Deusa Atena.... ou a todos os sábios deste Mundo tão terreno.


 Minha cara Atena, não te posso deixar sem resposta, que, se por mais não fosse, a consideração que tenho
 por ti, a exige. Começo com uma nota de humor à parte inicial deste teu último comentário: julgas, e bem, conhecer-me há muitos anos. Eu diria que, porque me conheces há tanto tempo como eu te conheço a ti, desde os tempos dos calhamaços de capa encarnada a que davam o nome de História Universal!  Atena, com estes teus dois comentários, com especial ênfase no início do primeiro "Até que enfim, que te vejo ao lado dos professores" e com o que verteste neste último, estás, penso que involuntariamente, a fazeres de mim um exterminador implacável, algo parecido com um filme tipo "CAÇA PROFESSORES 2". Não posso aceitar esse estigma, minha cara. É injusto, desprovido de qualquer razão válida, que até sugere a antiga marca do "quem não está comigo, está contra mim"...
Não sei se, como dizes, me tenho exprimido, quanto a esta temática, de forma que te haja confundido, ao ponto de não descortinares a minha linha de pensamento. Será problema semântico, da minha parte, que, reconheço, sou pouco cuidadoso na escrita e,raramente revejo o que escrevo. Porque, no campo das ideias, e da sua discussão, não descortino onde se situem as tuas dúvidas.
Acabaste por me estampar, aqui, uma imagem de menor consideração pela Classe dos Professores e deixas-me, injustamente, embaraçado perante os muitos profissionais que, inclusive no Face, fazem o favor de ser meus amigos ou estarem nos meus contactos, para já não referir familiares, que não são poucos (um deles até deve ir fazer a tal prova que eu defendo), quando no concrecto e, no global, tenho por eles a maior estima e consideração.
Desafio-te, amiga, e entende isto sem qualquer agastamento para contigo, a fundamentares as minhas tomadas de posição que te levam a sugerir a minha pseudo animosidade para com os docentes deste País. Que eu terei o cuidado, se for caso disso, de apontar registos, quer por aqui, quer nos meus blogues, Vouguinha e Vouguinha2,  onde escrevo desde 2007, em que defendo e enalteço as razões que lhes assistem, em muitos aspectos, começando pela postura e algum alheamento dos pais no esforço de educação dos filhos, passando pelas dificuldades que lhes são colocadas, a eles docentes, perante as turmas desmesuradas, em centros educativos que são autênticos armazéns ou madrassas.....
Não tomo a árvore pela floresta. E, se é verdade que tenho para mim como pressuposto objectivo que a Educação em Portugal se degradou de forma notória a seguir à Revolução, também é verdade que o ferrete dessa falência tem muitos e diversos fautores, ancorados no todo que é a nossa Sociedade.
As minhas ideias, e é no campos das ideias e das políticas que debato, nunca no das pessoas, é fundamentada.
Criei e eduquei 5 filhos, por décadas, com instrução ministrada nos mais diversos estabelecimentos de ensino e por professores das mais diversas competências e dedicação. Os netos ainda por lá andam. Tal, permitiu-me ir-me inteirando, ao longo do tempo, do rumo da Educação, mormente de alguns autênticos "milagres" de que muitos professores foram executantes, a despeito de outros. Fiquei com uma visão alargada deste fenómeno.
E, é com a autoridade que tal experiência me cauciona, que critiquei e vou continuar a criticar, sem que tal seja cruzada contra esta ou aquela classe, mas porque tenho opinião livre e nunca a deixo amarrar ou condicionar.
A Classe dos Professores, Atena, não é só a que se espelha na imagem que o Sindicato da CGTP, transmite ao País. Há mais vida, professorado e organizações de classe,  para lá do professor Nogueira, de quem, a propósito, te coloco a questão retórica se alguma vez o ouviste concordar - uma só vez que fosse - com as medidas da Tutela. Desta ou de qualquer outra.... Não viste, nem verás, que a Agenda é outra....
Concordo e defendo a avaliação dos professores, sim. Não por birra ou qualquer preconceito, mas porque a encaro medida válida, como adiante tentarei, de modo breve,  fundamentar. Condenei e continuo a condenar, é verdade, aquele "chavascal" nas galerias do Parlamento, com o senhor Nogueira à cabeça. Não tanto por ser ilegal, mas mais pelo péssimo exemplo transmitido aos educandos, a quem, legitimamente, os professores exigem disciplina e ordem,  nas saulas de aula!
Quanto à "Avaliação", Atena, defendo, até, que ela tenha lugar na fase de admissão ao cargo, com uma bateria de exames que, para lá dos saberes específicos, inclua os de âmbito psicológico, nesta e noutras áreas sensíveis de serviço público, para que os servidores empenhados e competentes não tenham o seu estatuto conspurcado por indivíduos sem qualquer vocação, neste caso, para a docência ou com comportamentos pessoais que atentem contra a dignidade dos seus pares.
Da mesma forma que um licenciado, por exemplo, em Direito, não pode ser advogado ou juiz só porque traz um canudo debaixo do braço, acho por bem que um licenciado em Ciências da Educação, ou curso similar, seja avaliado para o exercício do Professorado.Que não, que as Universidades são competentes para aferir dessas capacidades. Acredito que sim, por regra. Mas, numa visão pragmática, não nos podemos esquecer que, algumas, nem sempre o serão, como comprovam as competências de Relvas e o exame ao Domingo do "engenheiro", para não me alongar nos exemplos.
E, pensando assim, qual a violência ou a monstruosidade desta medida?
Para mais, uma Sociedade em que há "canudos" excedentários em muitas áreas, só pode, com toda a legitimidade e oportunidade, valorizar a meritocracia, em detrimento dos hábitos arreigados do "apadrinhamento", do presunto curado, ou da santa intervenção do Cura da aldeia. E, a selecção pelo mérito, só pode ser feita através de avaliações e provas.

Voltam a dizer-me que não, que as admissões já são por critérios de médias de fim de curso. Nem me alongo para explicitar o quanto são diferentes os critérios de atribuição de notas finais entre os diversos estabelecimentos de Ensino Superior, começando, desde logo, pelo desfasamento ente Público e Privado, com prejuízo para os alunos do primeiro...
Sei que não estive só a responder-te, neste lençol de cama larga, tendo aproveitado o ensejo para explanar ideias, as minhas, mas termino dizendo, sem qualquer hipocrisia, o que tenho garantido muitas vezes: nada me move contra os professores, bem pelo contrário, admiro e devo muito a muitos e bons mestres e dói-me quando vejo que, por razões adversas ou culpas próprias, o seu estatuto é degradado.
Desejo-te um Bom e Santo Domingo, nesse teu milenar repouso mitológico.  Como garantia, só te posso dar a frontalidade e de nunca deixar de dizer o que penso, por medo, por parcialidade, ou por receio de desagradar seja a quem for. Esforço-me por ser justo e lutar pela Verdade das "coisas", sejam elas de que natureza forem. Aos que não me quiserem aturar assim, só tenho que pedir desculpa, mas eu sou assim e só mudo de opinião quando factos novos e novas provas, me façam reflectir e alterar a visão  e convencimento sobre os temas em discussão.