Quem vai lendo os pensamentos que vou passando pelo teclado, por aqui, sabe do fraco conceito em que tenho as denominadas "comissões de inquérito", no âmbito da AR. Pela forma como os trabalhos decorrem e pelos resultados nulos que deles resultam, transmitem-me a imagem dum lavadouro público, onde se lava muita roupa suja, com sabão mainato, que, mesmo depois das barrelas, nos é devolvida sem que esteja limpa.
Nota introdutória, a propósito de mais uma Comissão de Inquérito, desta feita, aos negócios militares.
Imagem daqui:
É bom que saibamos, como, quando, onde e porquê, a máquina da Defesa, como todas as outras, gasta o nosso dinheiro, mas, quanto a mim, é aos Tribunais, a quem compete averiguar da licitude daqueles processos. Dir-me-ão que a Justiça está a funcionar mal. O problema é que estas comissões de inquérito, repito-me, nada resolvem, também, que não seja transmitirem-nos uma triste imagem da dignidade periclitante que é a destas discussões na Casa da Democracia.
Mas, esta dos negócios militares, não deixa de ser, quanto a mim, uma imagem bem real do que realmente interessa aos políticos proponentes desses inquéritos. Que, mais do que a busca da Verdade e da Transparência, o que lhes interessará mesmo é encontrar um bom ringue, onde, possam fazer dos seus adversários políticos o seu saco de boxe. Sobretudo, em períodos eleitorais, em que, mais do que Programas sérios e esclarecedores, o que parece mesmo, é terem por primeiro propósito tombarem os demais, para que seja mais elevado o seu perfil aos olhos dos eleitores.
Todos os partidos o farão, que no nosso Altar da Política, não há santos, só ungidos por engano, mas, neste caso concreto, o PS pretendia tão só que a Comissão de Inquérito se debruçasse na forma da compra dos submarinos, na governação Durão Barroso e Ministro da Defesa Portas. Pretenderia relegar para as catacumbas de São Bento, ou para os esgotos do Rato, os anos em que este negócio começou a efectivar-se e aqueles que se seguiram à assinatura do contrato, sob a égide de Portas. Não o conseguiram. O bacamarte já tinha muito uso e o tiro sai pela culatra. Vão ser 15 anos em debate. Que, como já acima aventei, não chegará a conclusão alguma, ou chegará a diversas, ao gosto de cada porta-voz. Mas, fica a certeza, se era Portas que eles pretendiam "linchar" neste processo, que as eleições estão próximas, pressinto que são necessárias mais cordas com laço, quando esta lavandaria encerrar....
Termino a interrogar-me, mesmo tendo a resposta: se esta "negociata" dos Submarinos já tem lodo, que já emergiu e submergiu centenas de vezes e deu uma "geraldinha", tipo menina de borda de estrada, por tudo quanto é Comunicação Social, para lá de alusões directas no Parlamento e insinuações em muitos microfones ilustres, porquê só agora, às portas dum acto eleitoral, aqueles inesperados "sequiosos de águas límpidas", se lembraram duma Comissão de Inquérito dirigida exclusivamente ao líder dum partido que a elas concorre?
Mas, segundo esta notícia do "I" poderão haver mais telhados de vidro a estilhaçarem que não só o do Largo do Caldas!....
Depois, tudo se esquece, tudo passa, tudo acaba em espuma, como as ondas, até que chegue mais uma maré...
