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terça-feira, 20 de junho de 2017

PENSAMENTOS QUE ARDEM

Eles próprios dizem que sabiam, como os ouvi ontem, do alto das suas cátedras, no ecran da RTP1. Sem usar a sua linguagem técnica de tão ilustres cientistas, eles dizem que sabiam que, na Região, mais acima, mais abaixo, haveriam altas temperaturas e um dragão a lançar chamas das nuvens, que um Mostrengo maior que o que aterrorizou as caravelas do Gama, ia soprar de cima, de lado, sem tino ou bússola. Que os ventos, sem serem lentes das iluminarias, eram convexos e não côncavos, vinham de cima, num bailado, umas vezes de vira, outras de malhão. Que a língua do dragão era seca e implacáveis as suas baforadas de fogo. Que aquela Região era pasto ideal para as chamas e de difícil combate, após se instalar.
Eles, das cúpulas da protecção, dizem saber que tudo isso estava previsto. Que sabiam, previam e controlavam.
E, foram eles que permitiram que um incêndio com todos aqueles tenebrosos pergaminhos, fosse combatido por vinte voluntários, comandados por um bombeiro de 2ª (sem qualquer desprimor para o homem) durante horas e que apenas cumpriam ordens e, não duvido, deram o seu melhor, mesmo pouco podendo..
Que permitiram que dezenas de povoados, na zona por onde o monstro galopava, ficassem isolados e deixados à sua sorte, porque de tanta falarem em forças musculadas, imaginaram que os populares dispersos pelas serranias, tinham músculo para, por si só, dominarem a fera.
Alarmados, aturdidos e com um SIRESP de milhões que não vale tostões, mexeram-se tarde, e não fossem uns abraços retemperadores, teriam uma noite de vil tristeza.
Entretanto, já o cenário era dantesco e perdiam-se vidas, nas povoações e nas estradas de fuga que, no meio da balbúrdia do "agora mandas tu, agora mando eu", ninguém mandou encerrar ao trânsito.
Choram-se vidas com fim atroz, de residentes e bombeiros, os menos culpados da incúria descomandada de estrategas que, ao que parece, mais preocupados, agora, com a imagem e o arear do tacho, do que com competência para enfrentarem o efeito de fenómenos da Natureza que, volto a repetir, no dizer dos próprios, já saberem ser possível e provável acontecer.
Mas, era a Fase Bravo, por paradoxo, bem mais mansa que a dos anjos da Charlie, essa sim, mais musculada, com nervo e meios a seu gosto, só começa em 1 de Julho. Afinal, a culpa nem foi deles, dos estrategas, foi da traição da Natureza, essa megera, que não teve em conta tão bem elaborado calendário.
Mas, agora, é o tempo dos políticos, antes que vão a banhos e que se empenhem, de alma e coração, no combate eleitoral, em que os fogachos são de outra natureza, há que prometer que é desta que tudo de vai resolver. Que é desta que se vai aprender com os erros, tudo numa cartilha do tempo do papel pardo e que, ano a ano, sai do baú há 30/40 anos!
Entretanto, prometem-se apoios e ajudas aos que viram partir familiares e aos que sofreram na carne e nos haveres em mais uma das imensuráveis tragédias que assolam este País, tão pequeno e tão sofrido, sem que ainda se saiba se todos os infortunados de outros anos, do Caramulo, de São Pedro do Sul, por exemplo, já viram satisfeitas, na prática, o que a teoria fácil se disse ter comprometido!
Que quanto aos peões desta Guerra, os bombeiros, esses continuam a executar as ordens e as directivas de quem diz ser de Cavalaria Montada e saber desta poda de fogo, dando o melhor que sabem, que podem e lhes foi ensinado, até à exaustão.
Quanto ao mais, com tristeza e alguma revolta vos digo:ESTE PROGRAMA SEGUE DENTRO DE MOMENTOS.